terça-feira, 10 de novembro de 2009
AULA "SEJA O QUE DEUS QUISER!"
Durante minha graduação em Direito, tive um professor que chegava em sala de aula e perguntava: Onde a gente parou mesmo? Aí, depois de ouvir a resposta dada por um aluno, começava a falar sobre o tema que lhe parecia mais adequado. A aula não tinha unidade. Nós nunca sabíamos o que estávamos estudando nem o que estudaríamos na sequência. Eu não gostava disso. Mas eu não era um bom aluno...
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sexta-feira, 6 de novembro de 2009
ELE, O PROFESSOR, VISTO POR UM ALUNO
Bem no início do período republicano, a Faculdade de Direito de São Paulo teve um muito peculiar professor de Direito Civil. Seu nome era Vicente Mamede.
De acordo com a crônica acadêmica, em suas aulas, os alunos "liam jornais", "faziam literatura", "jogavam", "fumavam", sem falar nos que "fugiam pela janela". Nelas, não se podia ouvir "nenhuma opinião moderna", mas apenas a repetição dos mesmos autores, ano após ano.
Nas arguições, "quando a vítima era dos decoradores", quando respondia a lição "de cor, papagaialmente", a sessão transcorria sem maiores problemas.
Mamede, no entanto, era exato cumpridor de seus deveres. Não faltava jamais e chegava sempre no horário marcado.
Nos jornais da época, apareceu a seguinte composição, atribuída a um estudante brejeiro e reproduzida por Almeida Nogueira, com ligeiras modificações, sem o "naturalismo excessivo" que apresentava no original:
Assiduidade férrea
Após pesquisa profunda,
Descobriu o grão Mamede
Que é na tunda, só na tunda,
Que a inteligência tem sede.
À vista deste sucesso
Do seu talento divino,
Vai propor logo ao Congresso
Uma reforma no ensino,
Exigindo que o estudante,
P’ra poder ser aprovado,
Mostre ao lente, com desplante,
Ter o assento calejado.
(NOGUEIRA, José Luís de Almeida. A Academia de São Paulo: Tradições e Reminiscências. Volume IV. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 1977, p. 92; FERREIRA, Waldemar. A Congregação da Faculdade de Direito de São Paulo na centúria de 1827 a 1927. Revista da Faculdade de Direito de São Paulo, São Paulo, v. XXIV, 1928, p. 92, 93).
De acordo com a crônica acadêmica, em suas aulas, os alunos "liam jornais", "faziam literatura", "jogavam", "fumavam", sem falar nos que "fugiam pela janela". Nelas, não se podia ouvir "nenhuma opinião moderna", mas apenas a repetição dos mesmos autores, ano após ano.
Nas arguições, "quando a vítima era dos decoradores", quando respondia a lição "de cor, papagaialmente", a sessão transcorria sem maiores problemas.
Mamede, no entanto, era exato cumpridor de seus deveres. Não faltava jamais e chegava sempre no horário marcado.
Nos jornais da época, apareceu a seguinte composição, atribuída a um estudante brejeiro e reproduzida por Almeida Nogueira, com ligeiras modificações, sem o "naturalismo excessivo" que apresentava no original:
Assiduidade férrea
Após pesquisa profunda,
Descobriu o grão Mamede
Que é na tunda, só na tunda,
Que a inteligência tem sede.
À vista deste sucesso
Do seu talento divino,
Vai propor logo ao Congresso
Uma reforma no ensino,
Exigindo que o estudante,
P’ra poder ser aprovado,
Mostre ao lente, com desplante,
Ter o assento calejado.
(NOGUEIRA, José Luís de Almeida. A Academia de São Paulo: Tradições e Reminiscências. Volume IV. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 1977, p. 92; FERREIRA, Waldemar. A Congregação da Faculdade de Direito de São Paulo na centúria de 1827 a 1927. Revista da Faculdade de Direito de São Paulo, São Paulo, v. XXIV, 1928, p. 92, 93).
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