Recentemente, participei de um debate sobre qualidade do ensino jurídico. Depois de ouvir observações sobre falta de preparo metodológico dos professores, falta de interesse dos alunos, tradicionalismo dos métodos didáticos e tantas outras possíveis causas para a chamada crise do ensino jurídico, chegou a minha vez de falar. Resumi a minha participação na indicação de um silogismo.
Premissa maior: Não é possível levar a educação a sério sem remunerar bem os professores.Claro que isso é muito radical. Claro que isso é uma simplificação absurda. Claro que isso desconsidera inúmeros outros fatores. Eu sei de tudo isso. Mas é que me parece o cúmulo da hipocrisia discutir qualidade do ensino - infantil, fundamental ou superior - pagando uma miséria ao professor.
Premissa menor: O Brasil remunera mal os professores.
Conclusão: O Brasil não leva a educação a sério.
Na última edição da Revista Exame CEO, inteiramente dedicada à educação, Andreas Schileicher, diretor da OCDE, instituição responsável pela organização do Pisa, afirma que "a qualidade de um sistema educacional não pode exceder a de seus professores e diretores"(Exame CEO, Agosto de 2011, p. 33).
No mesmo texto, o autor indica as melhores práticas adotadas pelos países que estão na vanguarda da educação. A primeira é simples: destacar a educação como prioridade. Para isso, no entanto, os discursos são insuficientes. Na opinião do autor, para descobrir nossa situação em relação ao tema, deveríamos fazer as seguintes perguntas:
"Como o Brasil remunera seus professores? Como são esses salários na comparação com o de outros trabalhadores altamente especializados? Você gostaria que seu filho se tornasse professor?" (Exame CEO, Agosto de 2011, p. 33).
Enquanto não pudermos responder bem a essas perguntas, é melhor não ficar discutindo qualidade da educação. Ou, se alguém quiser discutir o assunto, mas sem considerar esse ponto, não me convide, por favor.