domingo, 18 de setembro de 2011

A REMUNERAÇÃO DOS PROFESSORES


Recentemente, participei de um debate sobre qualidade do ensino jurídico. Depois de ouvir observações sobre falta de preparo metodológico dos professores, falta de interesse dos alunos, tradicionalismo dos métodos didáticos e tantas outras possíveis causas para a chamada crise do ensino jurídico, chegou a minha vez de falar. Resumi a minha participação na indicação de um silogismo.

Premissa maior: Não é possível levar a educação a sério sem remunerar bem os professores.

Premissa menor: O Brasil remunera mal os professores.

Conclusão: O Brasil não leva a educação a sério.
Claro que isso é muito radical. Claro que isso é uma simplificação absurda. Claro que isso desconsidera inúmeros outros fatores. Eu sei de tudo isso. Mas é que me parece o cúmulo da hipocrisia discutir qualidade do ensino - infantil, fundamental ou superior - pagando uma miséria ao professor.

Na última edição da Revista Exame CEO, inteiramente dedicada à educação, Andreas Schileicher, diretor da OCDE, instituição responsável pela organização do Pisa, afirma que "a qualidade de um sistema educacional não pode exceder a de seus professores e diretores"(Exame CEO, Agosto de 2011, p. 33).

No mesmo texto, o autor indica as melhores práticas adotadas pelos países que estão na vanguarda da educação. A primeira é simples: destacar a educação como prioridade. Para isso, no entanto, os discursos são insuficientes. Na opinião do autor, para descobrir nossa situação em relação ao tema, deveríamos fazer as seguintes perguntas:

"Como o Brasil remunera seus professores? Como são esses salários na comparação com o de outros trabalhadores altamente especializados? Você gostaria que seu filho se tornasse professor?" (Exame CEO, Agosto de 2011, p. 33).

Enquanto não pudermos responder bem a essas perguntas, é melhor não ficar discutindo qualidade da educação. Ou, se alguém quiser discutir o assunto, mas sem considerar esse ponto, não me convide, por favor.