Não consigo parar de pensar no professor que foi morto por um aluno há exatamente uma semana.
Primeiramente, por uma razão óbvia: eu poderia ter sido a vítima.
Também sou professor universitário, também moro em Belo Horizonte, também me relaciono com muitos alunos, também corrijo provas...
Mas não é só isso. Fico pensando se esse evento não seria apenas o caso mais extremado de um ambiente de desvalorização do professor e do magistério.
Não sei. Pode ser um exagero pensar assim.
É possível que estejamos diante de um fato isolado, de um caso patológico, de uma explosão de ira que poderia ter ocorrido entre o passageiro e o taxista, entre o cliente e o garçom, entre o enfermo e o médico.
Mas o diabo é que mataram o professor. Mataram o professor! Mataram o professor!
4 comentários:
Caríssimo Giordano,
É evidente que qualquer crime violento causa comoção. Contudo, nosso desconforto com a trágica perda deste colega professor passa justamente pelo reconhecimento de que se tratou do ápice da desvalorização do magistério - uma desvalorização que ocorre a cada dia, com inúmeros atos menores de violência. Eu já fui vítima de agressões verbais - e é impossível achar um outro colega que não tenha sofrido iguais, ou piores.
Repensar a situação do magistério passa por dois problemas, que gostaria de ver comentados aqui: o primeiro, o da falta de respeito com o próximo, hoje constante na nossa sociedade, em qualquer esfera de relações; o segundo, o da mercantilização indiscriminada do ensino, em que o número de alunos e a viabilidade financeira da instituição têm primazia sobre a qualidade do ensino ou o respeito aos professores.
Abraços!
Caro Marcelo,
Os dois problemas que você apontou são problemas centrais. Sinceramente, acho que você tocou as questões mais importantes.
Quanto à falta de respeito com o próximo, no texto "Recompensas do Magistério", publicado aqui mesmo no blog, escrevi:
"Quando os valores numa sociedade deterioram é muito provável que haja reflexos em todas as profissões. Mas qual delas, além do magistério, será mais frontalmente atingida? Se não há mais gentileza, respeito, honestidade, paciência, gratidão, onde a ausência será mais sentida que na sala de aula?"
Um abraço,
Giordano.
professor,
acho q se trato de algo ainda mais grave o que a desvalorizaçao do professor e do magistério: é um sinal da banalizaçao da vida humana.
Déborah,
Sim, também acho forçado tomar o caso como exemplo de desvalorização do magistério. É desvalorização da vida, mesmo. Sim. Tudo bem. Mas o diabo é que mataram o professor.
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