Ao final de cada semestre, os alunos da UFMG avaliam o desempenho de seus professores. A medida é salutar e pode contribuir para o aprimoramento da prática pedagógica dos que lhe dão importância. No entanto, uma das perguntas propostas merece ser rediscutida. Trata-se da que solicita aos alunos que avaliem a capacidade de transmissão de conhecimento de seus mestres.
E eu me pergunto: nós, professores, transmitimos conhecimento?
Em Pedagogia da Autonomia, Paulo Freire afirma que “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção” (p. 25).
Em Pedagogia do Oprimido, o mesmo educador brasileiro usa a expressão ensino bancário, para se referir à prática pedagógica, por ele abominada, em que o professor, dono do saber, pretende depositar o conhecimento na cabeça de seus alunos, verdadeiras tabulas rasas, assim como qualquer um de nós deposita suas economias no caixa de uma instituição financeira (p. 65-87).
Posso estar enganado, mas penso que nós, professores, não transmitimos conhecimento.
Posso estar enganado. Mas se estiver, estarei em boa companhia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 19. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 47. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2005.
4 comentários:
compartilhar antes de transmitir, certamente.
Mas que existem os professores que sobem no palanque só pra transmitir, existem!
Giordano,
Concordo contigo. Conhecimento não é como ondas de rádio, que podem ser transmitidas por um e captadas por outro.
Conhecimento se constrói. E aí está o papel do bom professor: colaborar e incentivar as construções do aluno.
Parabéns pelo blog.
Cláudio Colnago
www.colnago.adv.br
Mariana,
Em Escolas como a nossa (FD UFMG), fica até mais fácil. O tablado ajuda!
Um abraço,
Giordano.
Prezado Cláudio Colnago,
É um prazer receber a sua visita. Que bom saber que temos capixabas lendo o blog! Eu sou um mineiro quase capixaba. Sou da divisa.
Um grande abraço,
Giordano.
Postar um comentário