Quando eu estudava Direito, uma das coisas que mais me aborrecia era a impontualidade dos professores. Eu simplesmente não podia entender porque as aulas não começavam no horário. Imaginava que seria muito melhor iniciar na hora indicada e terminar um pouco mais cedo, caso não houvesse necessidade de utilizar todo o tempo.
Havia um único professor que nunca se atrasava. Era o Márcio Aristeu Monteiro de Barros, que acompanhou nossa turma em todas as disciplinas de Direito Processual Civil. Quando tocava o sinal, eu e meus colegas tínhamos o hábito de observar quantos segundos o Márcio levava para chegar à sala de aula. Eram poucos, talvez uns dez ou quinze. Podíamos vê-lo saindo da sala dos professores, com sua pastinha de couro debaixo do braço, e caminhar apressadamente até o local onde estávamos. E que ninguém ousasse interrompê-lo nesse trajeto!
Estudando a história dos cursos jurídicos brasileiros, descobri que, durante todo o período imperial, os professores observavam religiosamente o que se chamava, à época, de costume do quarto. De acordo com a norma, as aulas deveriam durar uma hora inteira. Mas elas nunca começavam antes de passados os primeiros quinze minutos, ou seja, o primeiro quarto de hora.
E o costume chegou até nós. Hoje, quando um jovem mestre se prepara para deixar a sala dos professores exatamente no horário do início da aula, é bastante provável que ele ouça alguém mais experiente exclamar: "Que furor pedagógico!". O tom, em geral, é de brincadeira. Mas é como se ele fosse advertido a preservar uma longa tradição.
Quando me tornei professor, e mudei de lado, tive uma nova compreensão do problema. A demora para chegar à sala de aula, ao contrário do que eu pensava, não decorre do atraso do professor em chegar à instituição onde trabalha. Em geral, no horário previsto para o início das aulas, estão todos lá, na sala dos professores. A demora acontece é ali mesmo. É que os professores também apreciam uma boa conversa. E, quando o ambiente é bom, a tentação de ficar mais um pouco é quase irresistível.
Mas, agora, falando sério, e com muita franqueza, não sei exatamente o que pensar do assunto.
Um pequeno atraso, inferior aos tradicionais quinze minutos, seria tolerável?
Ou vale a pena o esforço para iniciar as aulas pontualmente no horário previsto?
Um comentário:
Bom, sou aluno do curso de direito da Universidade Fumec.
Minha posição quanto ao atraso dos professores é um tanto quanto tranquila, vejo que não há a necessidade de se chegar exatamente na hora correta, tendo em vista que muitos alunos também se atrasam para chegar a faculdade, e com isso, o volume de alunos atrasados às vezes é tão grande que acaba tumultuando ou atrapalhando o andamento da aula, tirando atenção de boa parte dos alunos, assim, eles chegando uns dez minutos após o horário seria ideal, tendo em vista que a maioria dos professores não seguem até o final da aula. Bernardo
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