Ouvir críticas não é mesmo nada fácil. Mas aprender com elas é ainda mais
difícil. Nossa primeira reação é buscar justificar o comportamento adotado ou
apresentar alguma atenuante. É difícil admitir que, numa dada situação, agimos
com arrogância ou intransigência. É difícil aceitar que determinada estratégia
pedagógica gerou tudo menos aprendizagem. Mas só haverá possibilidade de
crescimento se a crítica for encarada de frente, com abertura e coragem.
segunda-feira, 31 de março de 2014
domingo, 30 de março de 2014
SUGESTÃO 3: SUBMETA-SE À AVALIAÇÃO DOS ALUNOS
Desde o início da minha carreira docente, adoto a prática de pedir aos
alunos que me avaliem ao final do semestre. Utilizo, para tanto, um formulário
muito simples, com apenas quatro itens: pontos positivos, pontos negativos,
sugestões e observações. Ao aplicá-lo, para deixar os alunos bem à vontade,
costumo esclarecer que o preenchimento não é obrigatório e que a identificação
é opcional. Nos primeiros semestres, era muito comum que os alunos reclamassem
do meu tom de voz. Identificado o problema, passei a me esforçar para projetar
a voz corretamente. Nos semestres seguintes, muitas outras questões foram
apontadas. Confesso que, em alguns momentos, sofri com o "excesso de
sinceridade" dos estudantes. Mesmo assim, recomendo a prática.
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SUGESTÃO 2: IDENTIFIQUE PONTOS FORTES E PONTOS FRACOS
Não teríamos dificuldade de apontar os pontos fortes e os pontos fracos
de alguns de nossos ex-professores. Falta-nos, no entanto, perspectiva e, talvez,
coragem para listar os nossos. Mas é importante fazê-lo, sim, para explorar ao
máximo os pontos fortes e trabalhar intencionalmente na correção dos pontos
fracos.
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sábado, 29 de março de 2014
SUGESTÃO 1: TESTE SUAS CONVICÇÕES
Precisamos aprender algo com Alberto Caeiro, um dos heterônomos de
Fernando Pessoa, quando ele diz as seguintes palavras: "Meu olhar é nítido
como um girassol. E o que vejo a cada momento é aquilo que nunca antes eu tinha
visto, eu sei dar por isso muito bem... Sei ter o pasmo essencial que tem uma
criança se, ao nascer, reparasse que nascera deveras... Sinto-me nascido a cada
momento para a eterna novidade do mundo".
Quando nossos alunos frequentam as aulas, apresentam bom comportamento e
tiram boas notas, é natural concluir que tudo vai bem. Mas pode ser que não. É
possível que eles frequentem as aulas só por causa do controle de frequência ou
só porque acham que não podem deixar de tomar nota de tudo que for dito. É
possível que eles ser comportem bem somente por conta do tédio ou do medo de
uma repreensão pública. É possível que eles tirem boas notas só porque as
avaliações são óbvias ou só porque desenvolveram excelentes mecanismos de cola.
Precisamos urgentemente deixar de acreditar no que os nossos olhos veem.
Precisamos diligentemente fazer as perguntas que ainda não foram feitas.
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30 SUGESTÕES PRÁTICAS PARA PROFESSORES INICIANTES
O GIZ, que discute metodologia do ensino no âmbito da UFMG, me convidou para elaborar uma oficina para professores iniciantes. Aceitei o convite com muita alegria. Uma das tarefas consistiu na preparação de um pequeno texto com 30 sugestões práticas. Vou começar a apresentá-las aqui no blog, colocando cada uma delas numa postagem. Pra começar, compartilho a introdução, que ficou do seguinte modo:
"Diga-me, caro colega, sem meias palavras, onde você aprendeu a exercer o
magistério superior? Responda-me, se puder, quando foi que você obteve formação
específica para atuar como professor universitário?
No sistema educacional brasileiro, a preparação dos professores do ensino
superior deve acontecer em nível de pós-graduação, prioritariamente em
programas de mestrado e doutorado. É o que determina a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação.
Mas, sejamos honestos, nossos cursos de pós-graduação não estão lá muito
preocupados com a preparação de professores. Toda a organização dos cursos de
mestrado e doutorado volta-se, prioritariamente, para o desenvolvimento de uma
pesquisa e para a preparação de um relatório final.
No máximo, os cursos disponibilizam
a disciplina optativa de metodologia do ensino superior, quase sempre relegada
a segundo plano.
Assim, sem preparação adequada, os professores são arremessados às salas
de aula. Os que tiveram sorte puderam entrar em contato com os desafios do
magistério enquanto ainda eram monitores ou estagiários de docência. Os outros,
no entanto, sem formação específica e sem experiência prévia, só podem contar
com a intuição. Sim, intuitivamente, o professor começa a construir sua prática
pedagógica, tentando repetir os exemplos dos professores que admirava e evitar
os comportamentos dos professores que detestava.
Pelo que tenho notado, alguns colegas encontram o seu modo de exercer o
magistério com muita facilidade. Para eles, a docência não é fonte de angústia
ou sofrimento. Na sala dos professores, até que é possível ouvi-los reclamar de
alguma dificuldade para, em seguida, colocá-la na conta dos estudantes, com
frases do tipo “esses alunos de hoje não conseguem prestar atenção em nada!”,
“os alunos de agora não gostam de ler”, “hoje a turma estava tão agitada que eu
nem consegui terminar a matéria”.
Esse, infelizmente, não é o meu caso. Tenho experimentado o magistério
como fonte de angústia e sofrimento. Não apenas isso, evidentemente. A carreira
docente também me proporciona alegria, satisfação e esperança.
Suponho que a sua situação, caro colega, não seja muito diferente da
minha. É que professores confiantes não se interessaram por esse tipo de
assunto.
Assim, imaginando dialogar com colegas em início de carreira, preocupados
com o aprimoramento de sua prática pedagógica, compartilho minha lista de sugestões,
utilizada, até agora, apenas em conversas com monitores e estagiários de
docência, esperando, sinceramente, proporcionar interessantes momentos de
reflexão".
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