quinta-feira, 3 de março de 2016

Rui Barbosa entre o Direito e a Matemática

Definitivamente, Direito e Matemática não são ciências afins. É muito raro encontrar entre juristas um bom matemático. Posso dizer que, nas minhas aulas, quando surge a necessidade de fazer uma conta, sempre fico decepcionado, comigo e com os alunos. Erramos sempre.

Para consolo geral, no entanto, vou contar uma historinha do Rui Barbosa, jurista dos maiores que o Brasil já teve. No precioso discurso que preparou para seus afilhados da Faculdade de Direito de São Paulo, publicado sob o título de Oração aos Moços, ele fez as seguintes considerações:

“Por derradeiro, amigos de minha alma, por derradeiro, a última, a melhor lição da minha experiência. De quanto no mundo tenho visto, o resumo se abrange nessas cinco palavras: Não há justiça, onde não haja Deus” (BARBOSA, P. 81).

Nesse caso, muito embora goste da ideia e aprecie o estilo, até eu consigo perceber que ele utilizou sete e não cinco palavras. Sim, amigos da minha alma, o nosso famoso colega cometeu um erro feio, básico, lamentável.

O editor do livro, em nota de rodapé, tentou a seguinte explicação:

“A propósito deste curioso engano, Rui havia escrito, realmente, cinco palavras: ´Não há justiça sem Deus`. Ao substituir a frase, esqueceu-lhe recontar as palavras, já agora em número de sete”.

Bondoso editor! Pois eu prefiro pensar que o Rui não suportava as aulas de matemática.


REFERÊNCIA

BARBOSA, Rui. Oração aos Moços. Rio de Janeiro: Ediouro [s.d.]. 

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