Definitivamente, Direito e Matemática
não são ciências afins. É muito raro encontrar entre juristas um bom matemático.
Posso dizer que, nas minhas aulas, quando surge a necessidade de fazer uma
conta, sempre fico decepcionado, comigo e com os alunos. Erramos sempre.
Para consolo geral, no entanto,
vou contar uma historinha do Rui Barbosa, jurista dos maiores que o Brasil já
teve. No precioso discurso que preparou para seus afilhados da Faculdade de
Direito de São Paulo, publicado sob o título de Oração aos Moços, ele fez as seguintes considerações:
“Por derradeiro, amigos de minha
alma, por derradeiro, a última, a melhor lição da minha experiência. De quanto
no mundo tenho visto, o resumo se abrange nessas cinco palavras: Não há
justiça, onde não haja Deus” (BARBOSA, P. 81).
Nesse caso, muito embora goste da
ideia e aprecie o estilo, até eu consigo perceber que ele utilizou sete e não cinco palavras. Sim, amigos da minha alma, o nosso famoso colega
cometeu um erro feio, básico, lamentável.
O editor do livro, em nota de
rodapé, tentou a seguinte explicação:
“A propósito deste curioso
engano, Rui havia escrito, realmente, cinco palavras: ´Não há justiça sem Deus`.
Ao substituir a frase, esqueceu-lhe recontar as palavras, já agora em número de
sete”.
Bondoso editor! Pois eu prefiro
pensar que o Rui não suportava as aulas de matemática.
REFERÊNCIA
BARBOSA, Rui. Oração aos Moços. Rio de Janeiro:
Ediouro [s.d.].
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