No semestre letivo em andamento, tenho utilizado aproximadamente um terço do tempo com aulas expositivas. Faço questão de esclarecer que elas servem apenas para indicar os fundamentos básicos da matéria e sinto que os alunos ficam muito livres para interromper e apresentar contribuições.
Mas a verdade é que eu tenho medo de aulas expositivas. Penso que elas acabam contribuindo para a sensação de que, no ambiente educacional, há apenas um sujeito que ensina, ativamente, e outros que aprendem, passivamente. Elas também criam a aparência de que o assunto estudado é simples e pode ser resumido em meia dúzia de frases.
Mas a verdade é que eu tenho medo de aulas expositivas. Penso que elas acabam contribuindo para a sensação de que, no ambiente educacional, há apenas um sujeito que ensina, ativamente, e outros que aprendem, passivamente. Elas também criam a aparência de que o assunto estudado é simples e pode ser resumido em meia dúzia de frases.
Na aula de ontem, observei que a maioria dos alunos anotava freneticamente tudo o que eu dizia. Percebi que, em muitas ocasiões, alguém me pedia para repetir uma frase, indicando, claramente, a tentativa de registrar as minhas palavras. E isso me deixou profundamente incomodado, sobretudo porque eu sei que eles não precisam desse tipo de expediente. Sim, eu sei que os meus alunos são brilhantes.
Foi aí que eu decidi fazer uma pequena maldade. Tendo explicado calmamente o funcionamento de dois institutos de Direito Civil, afirmei que um deles se chamava “acontecimento” e, o outro, “ocorrência”. Fiz uma pausa e, em seguida, perguntei se eles tinham anotado os nomes. Sim, eles tinham anotado. Depois disso, a primeira coisa foi pedir desculpas pela brincadeira. A segunda foi dizer que, na verdade, os institutos se chamavam “termo” e “condição”. E a terceira foi convidá-los a não deixar nas mãos de outra pessoa a responsabilidade pela condução do processo formativo.
2 comentários:
Excelente reflexão!
Como aluna, confesso que me comporto exatamente da mesma forma descrita, falto anotar apenas os suspiros. Mas reconheço que isso me torna passiva no processo de aprendizagem. Tenho buscado a ser o sujeito ativo, mas confesso que não tem sido fácil sair da zona de conforto, rs.
Eu discordo. Nas aulas expositivas mais chatas, fazer anotações é o meu refúgio, porque é a minha chance de fazer algo ativo. Processar o que o professor diz e resumir é um processo ativo, não passivo.
Postar um comentário