Pergunta enviada por um jovem
Doutor:
“Como enfrentar o produtivismo
acadêmico?”
Resposta do Professor Lemos
(Doutor e Pós-Doutor):
Jovem, a sua pergunta revela um
pequeno rastro de idealismo, talvez inconsciente, mas ainda assim perigoso. É
como se as coisas pudessem ser de outro modo. Ora, as coisas são assim porque
são assim. O que você chama de “produtivismo acadêmico”, com uma nota negativa,
é apenas a quantidade de trabalho que cada professor deve entregar. É só isso,
nem mais, nem menos. Na verdade, há uma lógica simples, que explica a coisa
toda: o Governo brasileiro deseja boa posição nas comparações internacionais e,
por isso, pressiona o Ministério da Educação que, por sua vez, pressiona a
CAPES, que pressiona as universidades, que pressionam os programas de
pós-graduação, que pressionam os professores. E o que fazer, então? Apenas
continuar o processo, meu jovem. Nós, Professores Doutores, pressionamos os
doutorandos que, por sua vez, pressionam os mestrandos, que pressionam os
pesquisadores da iniciação científica que, não tendo a quem pressionar,
escrevem. Terceirização, meu amigo, terceirização é o futuro. Se eles querem
quantidade, nós entregamos quantidade. Número é o que conta, com o perdão do
trocadilho. Guarde uma lição, meu jovem, que é pra vida toda: academia não é
lugar para os fracos. Quem não dá conta, pede pra sair.
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