quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Como enfrentar o produtivismo acadêmico?

Pergunta enviada por um jovem Doutor:

“Como enfrentar o produtivismo acadêmico?”

Resposta do Professor Lemos (Doutor e Pós-Doutor):

Jovem, a sua pergunta revela um pequeno rastro de idealismo, talvez inconsciente, mas ainda assim perigoso. É como se as coisas pudessem ser de outro modo. Ora, as coisas são assim porque são assim. O que você chama de “produtivismo acadêmico”, com uma nota negativa, é apenas a quantidade de trabalho que cada professor deve entregar. É só isso, nem mais, nem menos. Na verdade, há uma lógica simples, que explica a coisa toda: o Governo brasileiro deseja boa posição nas comparações internacionais e, por isso, pressiona o Ministério da Educação que, por sua vez, pressiona a CAPES, que pressiona as universidades, que pressionam os programas de pós-graduação, que pressionam os professores. E o que fazer, então? Apenas continuar o processo, meu jovem. Nós, Professores Doutores, pressionamos os doutorandos que, por sua vez, pressionam os mestrandos, que pressionam os pesquisadores da iniciação científica que, não tendo a quem pressionar, escrevem. Terceirização, meu amigo, terceirização é o futuro. Se eles querem quantidade, nós entregamos quantidade. Número é o que conta, com o perdão do trocadilho. Guarde uma lição, meu jovem, que é pra vida toda: academia não é lugar para os fracos. Quem não dá conta, pede pra sair. 

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