O GIZ, que discute metodologia do ensino no âmbito da UFMG, me convidou para elaborar uma oficina para professores iniciantes. Aceitei o convite com muita alegria. Uma das tarefas consistiu na preparação de um pequeno texto com 30 sugestões práticas. Vou começar a apresentá-las aqui no blog, colocando cada uma delas numa postagem. Pra começar, compartilho a introdução, que ficou do seguinte modo:
"Diga-me, caro colega, sem meias palavras, onde você aprendeu a exercer o
magistério superior? Responda-me, se puder, quando foi que você obteve formação
específica para atuar como professor universitário?
No sistema educacional brasileiro, a preparação dos professores do ensino
superior deve acontecer em nível de pós-graduação, prioritariamente em
programas de mestrado e doutorado. É o que determina a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação.
Mas, sejamos honestos, nossos cursos de pós-graduação não estão lá muito
preocupados com a preparação de professores. Toda a organização dos cursos de
mestrado e doutorado volta-se, prioritariamente, para o desenvolvimento de uma
pesquisa e para a preparação de um relatório final.
No máximo, os cursos disponibilizam
a disciplina optativa de metodologia do ensino superior, quase sempre relegada
a segundo plano.
Assim, sem preparação adequada, os professores são arremessados às salas
de aula. Os que tiveram sorte puderam entrar em contato com os desafios do
magistério enquanto ainda eram monitores ou estagiários de docência. Os outros,
no entanto, sem formação específica e sem experiência prévia, só podem contar
com a intuição. Sim, intuitivamente, o professor começa a construir sua prática
pedagógica, tentando repetir os exemplos dos professores que admirava e evitar
os comportamentos dos professores que detestava.
Pelo que tenho notado, alguns colegas encontram o seu modo de exercer o
magistério com muita facilidade. Para eles, a docência não é fonte de angústia
ou sofrimento. Na sala dos professores, até que é possível ouvi-los reclamar de
alguma dificuldade para, em seguida, colocá-la na conta dos estudantes, com
frases do tipo “esses alunos de hoje não conseguem prestar atenção em nada!”,
“os alunos de agora não gostam de ler”, “hoje a turma estava tão agitada que eu
nem consegui terminar a matéria”.
Esse, infelizmente, não é o meu caso. Tenho experimentado o magistério
como fonte de angústia e sofrimento. Não apenas isso, evidentemente. A carreira
docente também me proporciona alegria, satisfação e esperança.
Suponho que a sua situação, caro colega, não seja muito diferente da
minha. É que professores confiantes não se interessaram por esse tipo de
assunto.
Assim, imaginando dialogar com colegas em início de carreira, preocupados
com o aprimoramento de sua prática pedagógica, compartilho minha lista de sugestões,
utilizada, até agora, apenas em conversas com monitores e estagiários de
docência, esperando, sinceramente, proporcionar interessantes momentos de
reflexão".
Um comentário:
Professor, muito obrigada pelas dicas. Sou uma professora iniciante, e há pouco material sobre isso na internet.
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