quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Você Consegue Chamar os Alunos pelo Nome?

Quanto mais leio sobre educação mais me convenço de que não é possível avançar sem interagir adequadamente com a turma. E não se pode sequer começar antes que o professor aprenda o nome de seus alunos. 

Bom, isso é um problema pra mim. Sempre foi. Por isso, na próxima aula, vou utilizar a técnica que aprendi com o Gabriel Valle, meu querido professor de latim. 

É uma coisa bem simples. E nada tecnológica. No primeiro dia de aula, o professor pedia pra gente pegar uma folha de ofício, na horizontal, e fazer duas dobras, de modo a obter um formato triangular. Depois, numa das faces, a gente escrevia o nome. Em seguida, colocava a folha na carteira, como os mostradores que indicam nomes de palestrantes. Em toda aula, nós éramos convidados a colocar novamente a folha. Como ele sempre chamava cada um pelo nome, chegava uma altura do semestre em que já era possível dispensar o uso das fichas. 

Se alguém quiser fazer o teste, acho que vale a pena pensar em duas coisinhas.

Uma delas é que a experiência só pode funcionar num ambiente de amizade e segurança. Se o professor tiver o objetivo de conhecer para, depois, vigiar e controlar, é melhor esquecer.

A outra é que não se deve deixar de combinar com os "russos". Como todos sabem, na Copa de 1958, depois de ouvir a preleção do treinador, com fartas explicações das estratégias que a Seleção utilizaria para bater a equipe da Rússia, Garrincha teria feito a pergunta: “Mas o senhor já combinou com os russos?”. Então, o professor não pode deixar de gastar um tempinho explicando a razão do uso das placas.

Mas uma coisa é certa. Gabriel Valle utilizava a técnica com maestria. Na verdade, não cheguei a aprender muito de latim, mas nunca pude esquecer que o meu professor me chamava pelo nome.

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