Nunca vi alunos do curso de
Direito tão preocupados com o futuro profissional. O ambiente de crise
econômica certamente tem concorrido para isso. Mas não dá pra desconsiderar o
peso da percepção, cada vez mais clara, de que o universo dos concursos
públicos jamais será o mesmo.
A angústia tem levado estudantes
a adotar dois comportamentos diferentes.
O primeiro é o da paralisia. As
dúvidas são tão intensas que o estudante não sai do lugar. Como não sabe
exatamente o que fazer, parece que o melhor é não fazer nada. São atitudes
comuns o desinteresse pelas atividades acadêmicas, a reprovação em disciplinas
do curso, o trancamento da matrícula e, nos casos mais graves, a desistência.
O segundo é o da correria. As dúvidas
são tão intensas que o estudante resolve ir para onde o nariz aponta. Como não
sabe exatamente o que fazer, parece que o melhor é fazer tudo. São atitudes
comuns a busca precoce por estágios profissionais e a participação em número
excessivo de atividades acadêmicas.
Estudantes do primeiro grupo
sofrem porque pensam que os outros colegas estão muito melhor preparados para o
mundo do trabalho. Estudantes do segundo grupo sofrem porque nunca sabem se
estão fazendo o suficiente.
Então, o que fazer?
É claro que eu não sei o que
fazer. Mas para não frustrar totalmente quem me acompanhou até aqui, algumas
observações:
1. Pode ser interessante pensar
no tipo de atividade profissional que você realmente deseja executar. Ou para
deixar a sugestão mais concreta, no que você gostaria de fazer se as questões
financeiras não fossem importantes. Esse tipo de pensamento pode nos levar para
o campo do interesse, da vocação, do sonho. Eu digo isso, em primeiro lugar,
porque creio que cada pessoa tem uma contribuição que ninguém mais pode
oferecer. E também porque acredito firmemente que ninguém pode ser feliz
fazendo algo em que não veja sentido.
2. Depois, será útil pensar nas
atividades que podem contribuir para o desempenho das funções desejadas e, em
seguida, inseri-las no seu planejamento. Por exemplo, para quem pensa no
magistério jurídico, pode ser interessante fazer monitoria e iniciação
científica. Para quem pensa em advogar, fazer estágio em bons escritórios é uma
ideia bem natural.
3. Mas o importante é fazer tudo
com carinho. Um estágio bem feito é melhor do que três estágios executados de
qualquer modo. Uma boa iniciação científica vale mais do que atuações medianas
em duas monitorias e oitos grupos de estudo. Atividades feitas só pra constar
no currículo acrescentam muito pouco. E, por favor, acreditem em mim:
um currículo extenso não impressiona examinadores minimamente atentos. Bastam
duas ou três perguntas para derrubar uma pilha de papel. Também é preciso
frisar que a excelência, em qualquer lugar e em qualquer tempo, acabará sendo
reconhecida, mais cedo ou mais tarde.
4. Também me parece relevante a
capacidade de dizer “não”. Tendo clareza sobre o que fazer, é essencial manter
a decisão de não assumir tarefas excessivas. Mantenha o foco. Se a sua
trajetória é realmente única, não faz sentido comparar os resultados parciais com
aqueles obtidos por outros colegas.
5. E, por fim, não siga sozinho.
Converse com outras pessoas. Ajude quem está em dificuldade. Celebre
as pequenas vitórias. Tente mais uma vez.
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