“Dar monitoria” é uma expressão muito comum na Faculdade de Direito da UFMG e significa a atividade em que o monitor, geralmente na véspera de uma prova difícil, explica os principais tópicos da matéria.
Se eu não estiver enganado, alunos e monitores adoram a iniciativa. Uns porque podem receber ajuda, sempre bem-vinda, nos momentos que antecedem a avaliação. Outros porque experimentam o raro prazer de se sentirem importantes.
Saindo da superfície, no entanto, o que a prática revela?
Em primeiro lugar, a centralidade do processo de avaliação na estrutura da educação superior, que a tudo sobrepuja e a tudo contamina. Os alunos, em geral, não solicitam “monitoria” porque desejam se aprofundar em determinado tema ou obter orientação sobre como conduzir uma investigação, mas simplesmente porque esperam encontrar o caminho das pedras.
Em segundo lugar, a crônica dependência das aulas expositivas. Para recuperar as informações que o professor ofereceu, por meio de aulas expositivas, agora, os estudantes escutam o que os monitores têm dizer, também por meio de aulas expositivas.
Numa estrutura em que o professor sabe tudo e os estudantes nada sabem, o monitor é o sujeito que “quase sabe” ou que já sabe um pouco e, portanto, está apto a "passar" adiante o conhecimento.
E a monitoria, praticada desse modo, contribui para a reprodução de um sistema profundamente viciado, em que o estudante foge da responsabilidade de dirigir a própria formação, com economia de esforços e sofrimento, é verdade, mas à custa de sua eterna menoridade intelectual.
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