Já conversei com muita gente sobre como se preparar para as provas do mestrado. Aliás, tenho adotado a prática de falar com todas as pessoas que me procuram, desde que não haja processo seletivo em curso. A partir da publicação do edital, no entanto, caso eu deva integrar uma das bancas examinadoras, evito discutir o assunto, para não correr o risco de provocar algum tipo de desequilíbrio.
Invariavelmente, abordo os mesmos tópicos. Todos se referem ao processo seletivo do mestrado em Direito da UFMG, muito embora possam ter algum contato com concursos semelhantes. E é evidente que eles refletem o meu modo de ver a questão e não contam com qualquer forma de apoio das instâncias universitárias.
1. A motivação
O mestrado acadêmico tem como principal objetivo a formação de professores para o ensino superior. A especialização e o mestrado profissional podem ser opções mais acertadas para quem pretende obter aprimoramento em outras carreiras profissionais.
2. O momento
O prazo para a realização do mestrado é muito curto e não costuma ser prorrogado. Então, cada um deve avaliar se tem condições de cursar as disciplinas e elaborar a dissertação em apenas 24 meses.
3. O Programa
O primeiro dever do candidato é buscar conhecer o Programa de Pós-Graduação em que pretende ingressar. O sítio eletrônico (pos.direito.ufmg.br) oferece informações básicas sobre a história, o corpo docente, a avaliação da CAPES e o funcionamento. A leitura do Regulamento é altamente recomendável.
4. O edital
O processo seletivo começa com a publicação do Edital, quase sempre no início do segundo semestre letivo. O candidato deve estudá-lo atentamente. Como as mudanças não costumam ser muito grandes, recomenda-se a leitura dos editais anteriores.
5. A prova de proficiência
Para ingresso no mestrado, o candidato deve comprovar proficiência em um idioma estrangeiro. De uns anos pra cá, a avaliação é feita, com muita qualidade, pelo Centro de Extensão da Faculdade de Letras da UFMG. O sítio eletrônico (www.cenex.letras.ufmg.br) oferece todas as informações necessárias.
6. A linha de pesquisa
Atualmente, o Programa possui quatro linhas de pesquisa. O candidato deve cuidar de descobrir qual delas pode acomodar mais adequadamente o seu interesse de pesquisa. Como forma de se inteirar do diálogo em curso, recomenda-se a leitura de teses e dissertações produzidas na Linha de Pesquisa pretendida. Alguns desses trabalhos também pode ser acessados por meio da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFMG.
7. O orientador
No interior da Linha de Pesquisa escolhida, o candidato deve identificar o projeto coletivo mais adequado, que será apontado no momento da inscrição. Na verdade, no processo seletivo, costuma-se exigir que o candidato informe uma área de estudo. Na estrutura atual, projetos coletivos e áreas de estudo são categorias que praticamente se sobrepõem. Uns e outras podem ser conhecidos aqui. O próximo passo será a leitura da produção científica dos professores que integram o projeto coletivo ou a área de estudo, também com o objetivo de obter informações sobre o tipo de diálogo que está sendo conduzido. Para tanto, basta consultar o currículo de cada um deles na Plataforma Lattes. No caso de aprovação, o Colegiado designará um desses professores para a orientação do candidato.
8. O projeto de pesquisa
Tenho pra mim que o projeto de pesquisa é a parte mais importante do processo seletivo. É por meio dele que a banca examinadora pode perceber tanto a maturidade do candidato quanto a aderência de sua proposta às pesquisas que já estão em curso. Para elaborá-lo, o interessado deve ter bem presentes as lições de metodologia da pesquisa. Os meus textos preferidos sobre o assunto são Repensando a Pesquisa Jurídica, de Miracy Gustin e Maria Tereza Fonseca Dias, e Da Ideia à Defesa: Teses e Monografias Jurídicas, de Marcelo Galuppo.
9. A prova escrita
Uma das etapas consiste na realização de prova escrita. O tema será sorteado de uma lista de tópicos indicados no edital, que também cuidará de apresentar referências bibliográficas preliminares. São igualmente valiosas a capacidade de escrever com precisão e clareza e a habilidade de se apropriar criticamente dos temas propostos.
10. A prova oral
O candidato também será submetido a uma prova oral, cujo primeiro objetivo será o de discutir o projeto de pesquisa apresentado. Será preciso conhecê-lo, explicá-lo e dizer como ele dialoga com as investigações em curso.
Para terminar, pode ser interessante falar de uma lenda urbana. Desde quando cursava graduação em Direito na PUC, ouvia dizer que só alunos da Federal passam no Mestrado da Federal. A presença de inúmeros egressos de outras instituições e de outros Estados da Federação já seria o suficiente para provar o contrário. Deve-se admitir, no entanto, que os alunos que estudaram na UFMG têm muitas vantagens no processo de preparação para o concurso. Aos longo de cinco anos, eles conviveram com as pesquisas dos professores e de seus orientandos. Candidatos de outras instituições precisam fazer um esforço adicional para se inteirar dos temas em debate. Mas é só isso.
Sempre pensei que a excelência é irresistível. Então, se você deseja fazer mestrado em Direito na UFMG, prepare-se com carinho e seja muito bem-vindo!
3 comentários:
Muito bom professor.
Excelente texto!!
Outra dica importante para ser aprovado é ler e compreender todas as regras do edital de seleção. Escrevi um texto sobre o assunto:
http://pesquisajuridica.blog.br/mentoring/processo-seletivo-do-mestrado-em-direito/
Obrigada professor!
Precisava ler sobre o tema.
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