sexta-feira, 16 de março de 2018

Ariano Suassuna e planejamento pessoal

Caso tenha dado os passos sugeridos anteriormente, você já deve estar com dois documentos importantes. O primeiro é um esboço de sua missão. O segundo é uma lista de tarefas pendentes. E também já possui elementos para classificar as atividades em importantes, urgentes e circunstanciais. 

No entanto, para avançar no planejamento pessoal, precisamos introduzir quatro novos conceitos. 

1. Compromissos e tarefas

O tempo que dedicamos ao trabalho é basicamente preenchido com compromissos e tarefas. 

Compromissos são atividades com hora marcada para começar e, preferencialmente, para terminar. Em geral, mas não necessariamente, envolvem a participação de outras pessoas, tais como chefes, clientes, colegas de trabalho ou integrantes de uma equipe. Entram nessa categoria, por exemplo, reuniões, eventos e aulas.

Tarefas são atividades que não precisam ser feitas em horários específicos. 

2. Projetos e metas

Muito embora compromissos e tarefas possam figurar na agenda de modo avulso, é possível organizá-los no interior de projetos e metas. Na verdade, esse é o modo de colocá-los a serviço da missão pessoal.

De acordo com Christian Barbosa, meta é um “objetivo (ou sonho) definido por escrito, de realização possível, importante e que você realmente queira alcançar”.

Um projeto é diferente por duas razões. A primeira tem a ver com a importância, que é menor. E a segunda tem a ver com a dificuldade, que também é menor. 

Ambos se relacionam com a missão e podem concorrer para o seu sucesso. Mas enquanto a meta é uma aposta mais alta e mais arriscada, o projeto não passa da previsão de um objetivo e da descrição dos passos necessários para alcançá-lo. 

3. E o que Ariano tem a ver com isso?

Acho que uma historinha pode ajudar na visualização dos conceitos.

Em 1990, Ariano Suassuna tomou posse na Academia Brasileira de Letras. No dia seguinte ao da cerimônia, convidado por um “casal rico”, participou de um jantar em sua homenagem. A anfitriã, com vontade de puxar assunto, dirigiu a ele a seguinte pergunta: - “Você naturalmente já foi à Disney, não é?”. Tendo respondido que não, que nunca fora à Disney, a mulher replicou: - “Mas o senhor foi aos Estados Unidos e não foi à Disney?”. Ele calmamente respondeu que nunca tinha ido aos Estados Unidos, aliás, nunca tinha saído do Brasil. E uma vez que a mulher não conseguia esconder a decepção, Ariano imaginou que talvez ela dividisse “a humanidade em duas categorias: quem foi à Disney e quem não foi”.

A sessão de posse na Academia e o jantar de gala deveriam ter aparecido na agenda de Ariano como compromissos, uma vez que eram atividades com hora marcada para começar. Como parte da preparação para os eventos, podemos supor que ele tenha elaborado um discurso e comprado alguma lembrança para o casal de anfitriões, atividades que, não tendo hora certa para acontecer, deveriam ter sido previstas como tarefas.

A ideia de fazer uma nova viagem para a Disney, no caso da dona da festa, não exigiria mais do que a elaboração de um projeto, com previsão de ações a realizar, tais como renovar passaporte, adquirir passagens e fazer reservas. Mas no caso de Ariano, uma ideia desse tipo, naquele momento da vida, teria a estrutura de meta, uma vez que implicaria em desafios de elevada complexidade.

No final das contas, Ariano não foi à Disney. Parece que não se interessou pelo programa. Mas os livrinhos que escreveu ainda estão aí e podem ser lidos com grande proveito.

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