Vicente Mamede
foi professor na Faculdade de Direito de São Paulo, exatamente na virada
do Império para a República. Devotava tamanha admiração a um de seus mestres, o Antonio Joaquim Ribas, que tinha o hábito de dizer o seguinte:
Quando eu quero falar no Conselheiro Lafayette, eu digo Conselheiro Lafayette, porque quando eu disser “o Conselheiro”, é o Conselheiro Ribas.
No meu caso,
quando pronuncio a palavra “livro”, deve ficar claro que me refiro ao objeto de
papel, com letras impressas, em formato retangular. Para indicar textos
publicados na internet, lidos por meio de dispositivos eletrônicos, parece-me
conveniente utilizar outro nome.
Um livro é algo
que se pode contemplar, tocar, manusear, folhear, medir o tamanho, experimentar
o peso, sentir o cheiro, abraçar e, eventualmente, beijar. É um objeto com que
se pode conversar e que serve de companhia tanto em longas viagens quanto
em rápidas visitas ao médico.
Nas páginas de
um livro, o leitor pode fazer pequenas anotações, como se falasse a um amigo, desde que a lápis, e com a melhor
caligrafia de que for capaz.
Mas há certos
fatores que podem dificultar a utilização dos livros. O primeiro é naturalmente
o econômico. Em virtude de restrições orçamentárias, o leitor pode ser obrigado
a se contentar com cópias virtuais. A raridade de uma obra, o tempo previsto
para a entrega ou o espaço necessário para guardar os volumes, entre outras
coisas, também justificam soluções improvisadas.
Com algum
esforço, posso até imaginar que alguém prefira a tela fria de um aparelho
eletrônico ao contato deliciosamente ameno com o papel. Acho pouco
provável, no entanto.
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