terça-feira, 15 de maio de 2018

Uma historinha para quem não gosta de ler

Sei de pessoas que aprendem melhor ouvindo do que lendo. Frequentam aulas, assistem vídeos e escutam palestras. E são bem-sucedidas nas mais diversas atividades.

Também conheço pessoas que não se lembram de livros nos momentos de descanso e lazer. Gostam de aparelhos eletrônicos, produtores de imagens, sons ou das duas coisas ao mesmo tempo, que podem até exibir textos, mas sempre de modo fragmentado e secundário. E essas pessoas não parecem especialmente tristes.

Não acho que o hábito de ler seja essencial para todo tipo de aprendizado, muito embora o seja para alguns. E também não acredito que seja fundamental para o repouso ou a felicidade.

Então, o que dizer para quem não sente falta dos livros?

Talvez seja melhor simplesmente não dizer nada. Mas se você leu até aqui, pode ser que tenha paciência para uma pequena história, que me foi contada pelo pai de um amigo de infância. É uma historinha simples, despretensiosa, dessas que os sertanejos declamam ao redor da fogueira, em noites de lua cheia.

Um homem de condição humilde, presenteado com um passeio de navio, teve o cuidado de levar consigo boa provisão de água e farinha. No momento das refeições, tão logo escutava a convocação, recolhia-se a um lugar reservado, para somente então comer e beber, na máxima simplicidade. Enquanto isso, nos salões bem decorados, os outros desfrutavam do bom e do melhor. Ele, no entanto, consolava-se ao pensar na fortuna que tudo aquilo devia custar. Consciente de sua situação econômica, nem lhe ocorreu perguntar o preço de uma omelete ou de uma limonada. Foi só depois de concluir a viagem, quando recebia as malas no porto, é que descobriu que a alimentação estava incluída no valor da passagem.

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