Como de
costume, utilizei uma das primeiras aulas do semestre para explicar o
plano de ensino. Enquanto falava dos objetivos de aprendizagem e do
sistema de avaliação, não pude deixar de notar que a metade dos
alunos não estava lá muito interessada. De cabeça baixa, mexiam
freneticamente em seus aparelhos eletrônicos. Eu nunca tinha sentido
isso com tanta nitidez. Em toda aula, sempre há um ou outro mais
distraído. Hoje, no entanto, percebi que a maioria dos estudantes
simplesmente não estava comigo.
Estou
convencido de que o vício de utilizar aparelhos eletrônicos o tempo
todo e em todo lugar é um grande inimigo da aprendizagem. Na sala de
aula, então, acaba impedindo qualquer interação significativa do
professor com os estudantes e dos estudantes entre si. Utilizados,
eventualmente, para registrar observações pessoais ou para fazer
pesquisas ligadas ao assunto da aula, seriam fantásticos. Mas todos
sabemos que não é bem assim.
Aí
fiquei pensando no que fazer. Depois de algum tempo, comecei a
imaginar algumas coisas que um professor poderia falar a seu alunos.
E essas coisas só fazem sentido para professores que se interessam
pelo aprendizado. Aliás, professores desinteressados deveriam simplesmente escolher outra profissão. E quanto
aos alunos, as ideias só fazem sentido para os desejam aproveitar os
momentos de sala de aula. Na verdade, alunos que não estão ali por
vontade própria deveriam estar em qualquer outro lugar.
Numa
primeira versão, o professor poderia impedir a utilização de
aparelhos eletrônicos em sala de aula ou, numa forma ligeiramente
mais branda, proibir que eles fossem usados para fins que não
pudessem contribuir com o assunto em debate. O problema básico desse
tipo de abordagem é que, na educação superior, somos todos
adultos, o professores e os estudantes e, assim, não parece adequado
desconsiderar a autonomia dos agentes envolvidos.
Numa
segunda versão, o professor apenas convidaria os estudantes a
refletir sobre o tema, sugerindo, em especial, que cada um pensasse
em adotar, de modo consciente, a abordagem que julgasse mais
adequada.
Pensei
bastante no assunto. Depois, resolvi não dizer nada. Percebi que eu
é que estou ficando velho. Ultrapassado. E um pouco
ranzinza também.
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