sexta-feira, 5 de agosto de 2016

A Internet na Sala de Aula

Como de costume, utilizei uma das primeiras aulas do semestre para explicar o plano de ensino. Enquanto falava dos objetivos de aprendizagem e do sistema de avaliação, não pude deixar de notar que a metade dos alunos não estava lá muito interessada. De cabeça baixa, mexiam freneticamente em seus aparelhos eletrônicos. Eu nunca tinha sentido isso com tanta nitidez. Em toda aula, sempre há um ou outro mais distraído. Hoje, no entanto, percebi que a maioria dos estudantes simplesmente não estava comigo.

Estou convencido de que o vício de utilizar aparelhos eletrônicos o tempo todo e em todo lugar é um grande inimigo da aprendizagem. Na sala de aula, então, acaba impedindo qualquer interação significativa do professor com os estudantes e dos estudantes entre si. Utilizados, eventualmente, para registrar observações pessoais ou para fazer pesquisas ligadas ao assunto da aula, seriam fantásticos. Mas todos sabemos que não é bem assim.

Aí fiquei pensando no que fazer. Depois de algum tempo, comecei a imaginar algumas coisas que um professor poderia falar a seu alunos. E essas coisas só fazem sentido para professores que se interessam pelo aprendizado. Aliás, professores desinteressados deveriam simplesmente escolher outra profissão. E quanto aos alunos, as ideias só fazem sentido para os desejam aproveitar os momentos de sala de aula. Na verdade, alunos que não estão ali por vontade própria deveriam estar em qualquer outro lugar.

Numa primeira versão, o professor poderia impedir a utilização de aparelhos eletrônicos em sala de aula ou, numa forma ligeiramente mais branda, proibir que eles fossem usados para fins que não pudessem contribuir com o assunto em debate. O problema básico desse tipo de abordagem é que, na educação superior, somos todos adultos, o professores e os estudantes e, assim, não parece adequado desconsiderar a autonomia dos agentes envolvidos.

Numa segunda versão, o professor apenas convidaria os estudantes a refletir sobre o tema, sugerindo, em especial, que cada um pensasse em adotar, de modo consciente, a abordagem que julgasse mais adequada.

Pensei bastante no assunto. Depois, resolvi não dizer nada. Percebi que eu é que estou ficando velho. Ultrapassado. E um pouco ranzinza também.

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