Nunca achei fácil a tarefa de
indicar livros didáticos nas turmas de graduação em Direito. Entre os
extremos de adotar um manual como leitura obrigatória e não fazer qualquer tipo
de sugestão bibliográfica, já tentei vários formatos. Nos últimos semestres, no
entanto, parece que encontrei uma solução satisfatória. No primeiro dia de
aula, peço aos alunos que cuidem de trazer, na aula seguinte, ao menos um livro didático.
Esclareço que eles podem se dirigir à Biblioteca e que não terão dificuldade de
encontrar vários títulos diferentes.
No dia marcado, separo a turma em
grupos de quatro ou cinco estudantes e peço para que, ao analisar os manuais,
tentem descobrir semelhanças e diferenças, pontos positivos e pontos negativos.
Sugiro que eles observem o sumário e tenham o cuidado de perceber o estilo de
cada autor. Reservo algo em torno de 20 minutos para a atividade. Em
seguida, peço aos grupos que indiquem os manuais consultados e apontem o resultado
das discussões.
Para minha surpresa, em muito
pouco tempo, os grupos conseguem descobrir as principais características de
cada livro. Uns têm linguagem mais rebuscada, outros têm linguagem mais clara. Uns
são mais abrangentes, outros são mais sintéticos. Uns foram escritos para o público
universitário, outros para o público dos concursos. Uns são mais críticos,
outros são mais esquemáticos. Uns são mais antigos, outros mais recentes.
Ao final, só me resta observar
que cada estudante deve escolher os textos que utilizará em sua preparação, de
acordo com os que estão disponíveis e em razão da afinidade com as características
apontadas.
Um comentário:
Eu descobri que é uma má ideia perguntar ao professor qual livro ele recomenda. Normalmente o autor que ele indica é o que tiver a mesma posição que ele numa subdiscussão doutrinária X. Melhor é perguntar a um veterano, que vai ter mais noção das reais necessidades do estudante.
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