Pistas. Os grandes detetives veem pistas onde as pessoas comuns não enxergam nada de especial. O segredo não está nas coisas, obviamente, mas nos olhos de quem vê.
O Dr. Watson não se cansava de celebrar a habilidade de seu companheiro na descoberta de pistas nos lugares mais improváveis. E o grande Sherlock explicava: “Você vê, mas não observa” ou “Talvez eu tenha me exercitado para ver o que outras pessoas deixam passar”.
Guilherme de Baskerville, personagem de Umberto Eco em “O Nome da Rosa”, também impressionava pelo poder de observação. Ainda na estrada, ao encontrar o despenseiro da Abadia, acompanhado de “um agitado punhado de monges e fâmulos”, na perseguição ao cavalo favorito do abade, disse, sem ter visto o animal, não somente o lugar onde se encontrava, mas também a cor do pelo, a altura, o tamanho da cabeça, a largura das orelhas, o formato dos cascos, o tipo de galope e, para suprema surpresa de todos, até o nome do fugitivo. Quando seu companheiro pediu a explicação da façanha, a resposta foi a seguinte: “Meu bom Adso, durante toda a viagem tenho te ensinado a reconhecer os traços com que nos fala o mundo como um grande livro”.
Observar, identificar traços, descobrir pistas, eis o trabalho de um detetive. Mas o que isso tem a ver com planejamento de carreira? Tudo, absolutamente. E eu explico.
Se eu não estiver enganado, é extremamente difícil encontrar alguém que saiba com clareza o tipo de atividade que deseja fazer, a sua verdadeira vocação, o seu lugar no mundo. Na maioria dos casos, as pessoas ou não têm nem mesmo consciência da pergunta ou sabem muito pouco sobre como achar a resposta. Daí o valor de poder identificar pequenas pistas. Por isso, nos próximos textos, pretendo sugerir uma série de exercícios para ajudar nesse trabalho de investigação. Aos leitores, naturalmente, caberá a tarefa de treinar os olhos para ver.
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