Imagine uma sala de aula com cinco alunos. O objetivo do curso é dar noções básicas de hebraico. O primeiro deseja frequentar as aulas para fazer novos amigos. O segundo pretende aprender o idioma para ler passagens bíblicas no original. O terceiro espera conhecer um pouco da cultura judaica. O quarto planeja utilizar o aprendizado em sua próxima viajem a Israel. E o quinto simplesmente não sabe o que está fazendo ali.
Parece razoável supor que as aulas farão sentido para os quatro primeiros alunos e serão um completo desperdício para o último.
A mesma lógica vale para os cursos universitários. Só faz sentido estudar Direito, Medicina ou Letras, por exemplo, se o investimento estiver ligado aos objetivos do estudante. Um pode estudar Direito com o propósito de fazer concurso para a magistratura. Outro, porque deseja enriquecer sua atividade empresarial. Um pode fazer Medicina para se tornar cirurgião. Outro, para seguir carreira acadêmica. Um pode cursar Letras para trabalhar no ensino de línguas estrangeiras. Outro, porque deseja se aventurar no mundo da literatura. Os objetivos podem variar ao infinito, podem ser mais românticos ou mais pragmáticos, podem estar claros ou um tanto confusos, mas o certo é que não dá para dispensá-los. É assim nos cursos universitários. É assim em tudo o que fazemos.
Então, para quem deseja iniciar um curso superior ou para quem já iniciou, é importante pensar no modo como ele se relaciona com a vida, os objetivos, a missão, o propósito, enfim, com tudo o que é importante.
E pra quem não sabe exatamente aonde vai, pode ser o momento de parar e pensar. Não que seja possível antever tudo e fazer planos rigorosamente precisos. Mas dá pra enxergar nem que seja um pouco e, assim, fazer escolhas mais consistentes.
Para ilustrar a importância do tema, o professor Marcelo Galuppo costuma citar um delicioso diálogo de “Alice no País das Maravilhas”, que reproduzo com pequenas alterações:
ALICE - Poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar para sair daqui?
O GATO - Isso depende bastante de onde você quer chegar.
ALICE - O lugar não me importa muito.
O GATO - Então não importa que caminho você vai tomar.
ALICE - … desde que eu chegue em algum lugar.
O GATO - Oh, você vai certamente chegar a algum lugar, se caminhar bastante.
A partir de hoje, numa série de pequenos textos, pretendo falar sobre planejamento de carreira, começando com sugestões para ajudar a descobrir o que é realmente importante, inspiradas em alguns dos mais famosos detetives da história. Mas isso já é assunto para a próxima conversa. Até breve!
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